PALAVRA DO PÁROCO: “Se alguém está enfermo, chame os presbíteros da Igreja.” (Tiago 5, 14)

Quando Jesus escolheu seus discípulos e iniciou a vida pública, chamava a atenção a multidão que ia ao seu encontro para ouvir os seus ensinamentos, aliviar suas angústias e levar-lhe os doentes para que os tocassem, pois d’Ele saía uma força que curava toda a sorte de enfermidade e males.

A cura dos doentes foi motivo de muitas controvérsias entre Jesus, os fariseus e as autoridades da época, especialmente no que diz respeito ao poder divino de Jesus, que se posicionava como Filho de Deus, e à observância do sábado.

Certamente, o mais polêmico dos relatos é a cura do paralítico que tinha sido introduzido pelo telhado da casa onde Jesus se encontrava por quatro homens. “… Jesus, vendo a fé daqueles homens, disse ao paralítico: “Os teus pecados estão perdoados.” (Mat 9, 1-8).

Como alguns mestres da lei ali presentes ficaram escandalizados com essa frase, pois o perdão dos pecados é atributo tão somente de Deus, Ele complementou: “Para que saibais que o Filho do homem tem o poder de perdoar os pecados, eu te digo: levanta-te e anda!” (Mat 9, 1-8) E o paralítico levantou e andou. Diz o Evangelho que o povo ficou admirado em ver Deus dar a um homem um tal poder.

As curas em dia de sábado também criaram muitos problemas para Jesus. Segundo o relato de Lucas (6, 6-11), Ele estava pregando na sinagoga quando observou um homem com a mão direita seca. Os mestres da lei e os fariseus estavam a observar, pois se Jesus o curasse em dia de sábado, teriam um bom argumento para acusá-lo.

Antevendo o propósito, Jesus chamou o homem de mão seca e lhe perguntou: no dia de sábado é permitido fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou deixá-la perder? Dito isso, olhou a todos ao redor e disse ao homem: “estende a mão.” Assim que ele o fez, sua mão ficou curada. Revoltados, os mestres da lei e os fariseus discutiam de tramar contra Jesus.

O Evangelho também mostra a fé como pré-requisito para os milagres. Na cidade de Nazaré, onde passara os primeiros trinta anos de sua vida, Jesus fez poucas curas porque seus conterrâneos não acreditavam que o “filho do carpinteiro” pudesse ter tão grandes poderes.

Faltou a esse povo a fé de um gentil, o oficial romano que pediu o restabelecimento de um empregado seu. Quando Jesus, diante do apelo, se mostrou disposto a ir imediatamente à sua casa, ele disse que não precisava, pois bastava uma palavra sua para que seu subordinado ficasse curado. Jesus curou o empregado e admirou-se da fé daquele homem.

Jesus também infringe os costumes judaicos, segundo os quais tocar em alguém impuro tornaria a pessoa impura. Ele não apenas deixa que um leproso dele se aproxime, como lhe toca e realiza a cura. Em seguida, lhe ordena que vá apresentar-se ao sacerdote.

No milagre da cura do cego de nascença, Jesus desconstrói a ideia de doença como castigo divino, pois se acreditava que alguém pecara para que nascesse com alguma enfermidade, no caso, a cegueira. Jesus nega essa crença e usa essa cura como mais uma manifestação da graça divina no meio do povo.

Em nossos dias, os milagres também se multiplicam a todo o momento. Nos hospitais, é o mesmo Cristo, na pessoa do sacerdote, a visitar os enfermos. Por isso, o Apóstolo Tiago recomenda: “alguém dentre vós está enfermo, chame os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente, e o Senhor o aliviará; e se tiver pecado, receberá o perdão.” (Tiago 5, 14).

Portanto, convém à Igreja responder ao apelo de Cristo para estar sempre próximo aos doentes e permitir a realização de muitos outros milagres. É sem dúvida também uma oportunidade de o sacerdote contemplar Cristo, de aprender a reconhecê-lo no rosto de tantas pessoas que, pelo sofrimento, completam no mundo a redenção de Cristo, o que faltou ao calvário de Cristo, como nos diz São Paulo.

Padre Cássio Carvalho – agosto 2024.

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