Vivendo a Quaresma …

Na Quarta-feira de Cinzas, o sacerdote, depois de benzer as cinzas, coloca-as sobre nossas cabeças, dizendo: “És pó e em pó te hás de tornar”. Será que nos ocorre perguntar quando e quem pronunciou essas palavras tão duras que ouvimos na Quarta-feira de Cinzas?

Sabemos que foi o próprio Deus quem as proferiu na origem do mundo, quando lançou sobre Adão a pena de morte: “Porque comeste o fruto proibido … comerás o pão com o suor … até que te tornes à terra … porque és pó…” (Gn 3, 17-19).

Por que Deus profere essas palavras, que nada agravam o castigo já imposto? Certamente para abater o orgulho de Adão e fazer penetrar em seu coração os sentimentos de uma profunda humildade, primeira condição de toda penitência. Por isso, vemos que Adão, havendo começado a desculpar-se, não diz mais nenhuma palavra; aceita a pena, persevera na humildade e faz penitência por mais de 90 anos.

A primeira disposição que devemo-nos empenhar em conseguir e conservar durante o tempo de Quaresma, tempo de penitência obrigatória para todos, é uma profunda humildade, fundada na consideração de que somos pecadores. Essa humildade, em termos concretos, é praticada quando cumprimos com esforço todos os deveres que assumimos; quando nos impomos, discretamente, uma penitência corporal; quando nos esforçamos por rezar com atenção, recolhimento, pensando o que dizemos; quando aceitamos sem queixas as mortificações passivas que Deus nos envia: as intempéries, os contratempos, as pessoas que nos aborrecem, as contrariedades de nossa vontade…

Peçamos a Nossa Senhora, meditando na simplicidade da sua vida, que nos ensine e ajude a tirar proveito, nesta quaresma, das inúmeras pequenas mortificações da vida, aceitando-as com humildade, como penitência de nossos pecados.

Extraído das anotações do Padre José Mayer Paine.

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