DESTAQUES
IMPORTÂNCIA DAS NOVAS COMUNIDADES E MOVIMENTOS PARA A VIDA CRISTÃ DOS JOVENS
Quão bem faz aos jovens integrar-se em uma comunidade ou movimento da Igreja! Quando jovem, Pe. Cássio encontrou o movimento Comunhão e Libertação.
OS SANTOS EVANGELHOS
Celebrando no dia 30 de setembro a festa de São Jerônimo, Doutor das Sagradas Escrituras, a Santa Igreja consagra o último domingo deste mês na comemoração do “Dia da Bíblia”.
São Jerônimo nasceu por volta do ano 340; estudou e foi batizado em Roma. Como secretario do Papa Dâmaso, começou a traduzir a Bíblia para a língua latina, comentando-a em muitas obras que escreveu; daí o título de doutor que lhe é outorgado. Morreu onde Jesus nasceu, em Belém, em 420.
A instituição do “Dia da Bíblia” é um chamado da Igreja para que conheçamos as Santas Letras, sobretudo o Evangelho, onde encontramos o próprio Deus falando através da humanidade de Cristo. Diferentemente dos escritores, Nosso Senhor não propõe uma tese; Ele fala, Ele tem segurança do que diz, Ele não justifica; Ele ensina. Impõe-se com uma sabedoria irresistível. “Quando se consegue apreciar essa sabedoria, quando se possui o coração puro para avaliá-la, sabe-se que não pode existir outra. Não se sente a necessidade de comparar, de estudar. Vê-se que Ele é absoluto, que Ele é a Vida”.
Jesus continua a falar a cada um de nós, pessoalmente, na oração, na intimidade com Ele e, de maneira palpável, quando lemos o Evangelho todos os dias – ao menos cinco minutos – com desejos de aprender e viver como viveu quem nos está falando.
“Quando abrirdes o Evangelho, pensa que não só deves saber, mas viver o que ali se narra: obras e ditos de Cristo. Tudo, cada ponto que se relata, foi registrado, detalhe por detalhe, para que o encares nas circunstâncias concretas da tua existência. O Senhor chamou-nos para que o seguíssemos de perto; no texto santo, encontras a vida de Jesus; mas, além disso, deves encontrar a tua própria vida… “Pega no Evangelho diariamente, leia-o e viva-o como norma concreta. Assim procederam os santos” (Forja nº 754, de São Josemaría Escrivá).
O Papa São Gregório Magno dizia: “Que outra coisa é a Sagrada Escritura senão uma carta que o Senhor todo poderoso quis, na sua bondade, enviar à sua criatura… Como te descuidas em lê-las e não manifestas ardor em saber o que nelas se contém?”
Padre José (in memoriam).
NOVA ILUMINAÇÃO NA IGREJA DE SANTA GENEROSA
Pe. Cássio nos explica que, como parte da reforma em Santa Generosa, agora temos três tipos de intensidade de iluminação na igreja, baixa, média e mais forte.
VISITA PASTORAL DE DOM ROGÉRIO À
PARÓQUIA SANTA GENEROSA
O Bispo auxiliar da Região Sé, Dom Rogério Augusto das Neves, esteve em visita pastoral na Paróquia Santa Generosa nos dias 16, 17 e 18 de agosto com o objetivo de conhecer um pouco mais a realidade da Paróquia, localizada na região do Paraíso. O bispo se reuniu com ministros extraordinários, integrantes do Apostolado da Oração, funcionários e membros dos movimentos e novas comunidades e associações católicas. Os encontros foram precedidos por um momento de oração e reflexão, seguido de conversas, testemunhos e discussões sobre como tornar a paróquia mais eficaz nas suas diversas ações pastorais, em suas atividades de catequese e de evangelização, tornando-se de fato um lugar de acolhida e de santificação.
Nas reuniões, foram abordados os vários aspectos da vida na comunidade e sugeridas formas para uma maior inserção das pessoas que acorrem à Santa Generosa para participar das missas ou das confissões, inclusive oriundas de outras regiões de São Paulo. A ideia é que se engajem mais em suas comunidades em movimentos e realidades eclesiais que as ajudem a viver mais plenamente a sua fé em uma igreja sempre em saída.
O segmento de obras sociais também mereceu destaque, e Dom Rogério tomou conhecimento das várias experiências desenvolvidas nesse sentido com o apoio da Paróquia Santa Generosa, como a Missão Belém, o grupo de voluntárias da caridade e os Vicentinos, atividades que não podem ser entendidas apenas como de cunho assistencial, mas como oportunidade de ajudar os beneficiários a também fazer seu encontro com Deus.
Dom Rogério soube do esforço em oferecer assistência religiosa (Confissão, Comunhão e Santa Unção) aos doentes e idosos dos oito hospitais instalados em território paroquial de Santa Generosa. O pároco, Padre Cássio Carvalho, garantiu que todos os pedidos dos enfermos e idosos da região são atendidos em primeiro lugar, por um sacerdote, posteriormente, os doentes e idosos passam a ser acompanhados por um ministro extraordinário da Sagrada Comunhão, se assim quiserem.
Certamente, a visita pastoral foi uma oportunidade de consolidar a relação da comunidade de Santa Generosa com o Bispo auxiliar Dom Rogerio, que não apenas se dispôs a conhecer a realidade da comunidade e dos movimentos e novas comunidades e associações católicas da Santa Generosa, como participou de sua rotina, atendendo confissões por horas e encerrando a visita com uma celebração solene, cantada pelo coral de Santa Generosa.
PALAVRA DO PÁROCO
Vocação da Paróquia Santa Generosa
Em sua vocação de ser o lugar da memória e da presença de Deus em nossa cidade, a Paróquia Santa Generosa sempre foi agraciada com o testemunho de grandes e santos sacerdotes que por ela passaram, sacerdotes que a ajudaram a se transformar em referência de evangelização e serviço. Entre os muitos que estiveram à sua frente, vale destacar o inesquecível Padre José Paine, que me recebeu quando iniciei minha trajetória aqui. Ele construiu a nova igreja em 1970, e foi o pároco responsável por ela durante 62 anos.
Posso afirmar sem medo de errar que todos os sacerdotes que por aqui passaram se empenharam na grandiosa tarefa de transformar Santa Generosa em um autêntico lugar de acolhida, de misericórdia, um lugar onde as pessoas encontram a presença real de Cristo no santo sacrifício da Santa Missa, nos sacramentos, nos trabalhos de evangelização, na catequese, nos serviços pastorais, etc.
Todo esse esforço foi sendo ao longo dos anos maximizado, potencializado para atender à crescente busca dos paulistanos por um lugar de oração, de experiência cristã, de vivência concreta dos sacramentos, de aprendizado e de experiências religiosas das mais diversas. Hoje, Santa Generosa é referência na cidade por oferecer cincos missas diárias, de segunda a sábado, e nove missas aos domingos, com quatorze horas de confissões.
Outra característica marcante é ser “uma igreja em saída”, como nos pede o Papa Francisco. Não se contenta em manter os seus paroquianos, mas se desafia a arrebanhar novas ovelhas para o redil de Cristo por meio de várias iniciativas, como a catequese de iniciação cristã de adultos para o Batismo, Primeira Comunhão e Crisma. Para conseguir atender à crescente demanda e facilitar o acesso, esses cursos são ministrados online e presencialmente. Nossas estimativas mostram que são mais de trezentas pessoas anualmente a receberem os sacramentos da iniciação cristã.
Ano a ano percebemos o quanto tem crescido também a catequese de crianças, em duas modalidades: 1) A Catequese Bom Pastor, que acolhe crianças de três a doze anos, sendo ela orientada no sentido de ajudar a criança desde cedo a seguir uma trajetória cristã; 2) A catequese de preparação para a Primeira Comunhão e, às vezes, também para o Batismo. Hoje, cresce substancialmente na Paróquia Santa Generosa a presença de crianças de todas as idades.
A característica de ser uma igreja em saída também se consolida pelo atendimento aos enfermos nos oito hospitais que estão no seu território pastoral. Sempre que solicitam, os doentes são atendidos prontamente por um sacerdote, que lhes propõe ministrar o sacramento da Unção dos Enfermos, a Confissão e a Comunhão. Posteriormente, se desejar, o paciente poderá receber a Comunhão diária por meio da visita dos ministros.
O atendimento aos pobres se dá em várias ações, de acordo com a experiência dos voluntários, como as voluntárias da caridade, que distribuem cestas básicas e enxovais para grávidas e, de certa forma, acompanham a vida de várias famílias que necessitam dessa assistência. Vale destacar também o importante trabalho dos Vicentinos em nossa paróquia, pois com visitas e orações, eles acompanham pessoas pobres em suas necessidades mais urgentes.
A Missão Belém continua cada vez mais empenhada em melhorar a vida de nossos irmãos mais necessitados. Em uma de suas muitas ações, propõe aos nossos paroquianos a adoção de crianças que vivem no Haiti, crianças que se encontram abaixo da linha de pobreza. Hoje estima-se que mais de duzentas crianças são apadrinhadas por paroquianos de Santa Generosa. Esses também têm colaborado grandemente com a doação de roupas usadas ao bazar da Missão Belém; toda a renda vem sendo revertida para a construção de uma casa de saúde com capacidade de duzentos leitos para pacientes terminais, pessoas que muito provavelmente iriam morrer nas ruas, mas que terão um lugar digno para fazer sua passagem desta para outra vida.
A igreja de Santa Generosa também abre espaço às experiências de novas comunidades e movimentos que cuidam igualmente da vida de fé dos paroquianos. Entre essas comunidades, estão o Movimento Comunhão e Libertação, Comunidade Lumen, Renovação Carismática Católica, Famílias Novas e membros da Opus Dei. Estes propõem momentos de reflexão e oração para os seus integrantes e abertos a toda a comunidade. Santa Generosa também está presente nas mídias sociais, com a transmissão diária das missas e com reflexões pontuais sobre a vida da Igreja e a vivência segundo a doutrina de Cristo.
Com toda essa gama de ações, movimentos e empenho, a Paróquia Santa Generosa busca se manter atuante e alinhada aos esforços dos primeiros e santos sacerdotes que nos precederam na missão de evangelizar e contribuir com a Igreja em São Paulo, com a Santa Igreja de Cristo. Que Deus nos abençoe!
Padre Cássio Carvalho – setembro 2024.
SACERDÓCIO: VALOR INESTIMÁVEL PARA
AS FAMÍLIAS E A SOCIEDADE!
Cristo chama todos à salvação, deseja estar unido a alma de todos os homens eternamente, e, por esse motivo, Ele padeceu e morreu na Cruz. Ele nos oferece diversos caminhos para nos levar a essa união com a nossa alma, que se realiza de maneira perfeita e plena no Céu. Assim, para atingir esse fim, Ele oferece a cada alma dons específicos vinculados com a missão que cada um deve realizar em sua vida terrena.
Tais missões variam de acordo com o estado de vida de cada indivíduo; algumas delas assumem um caráter de vocação. Mas seja como for, todas as vocações tem como finalidade a salvação, e cada uma delas deve ser respondida com generosidade e fidelidade. Mas, entre essas vocações, existem algumas mais elevadas, e, dentre elas, destaca-se a vocação sacerdotal.
O sacerdote é um escolhido por Deus para ser seu ministro em meio aos homens, sendo justamente essa escolha divina que oferece ao sacerdócio a sua grandeza e lhe garante graças elevadas e profundas para o exercício de tal missão. Tais graças não repousam apenas sobre o sacerdote, mas também sobre a família e a sociedade, é por isso que a questão das vocações sacerdotais é uma das mais urgentes nos tempos atuais. Assim se faz necessário falar sobre este tema com verdadeiro zelo e de forma constante.
Os títulos humanos conferem às famílias grande honra, orgulho e distinção, contudo, muito mais honradas e elevadas são as famílias quando se trata de um título de nobreza divina, como o que o sacerdócio confere. Toda a família vê-se honrada no sacerdote. Essa nobreza recai necessariamente sobre os familiares, pais, avós, irmãos e irmãs, em cujas veias corre o mesmo sangue.
A família toda vincula-se ao sacerdócio do padre que teve origem nesse seio familiar, mesmo que estes não sejam católicos ou levem uma vida distante de Deus. De alguma maneira, em algum grau, a graça sobrenatural lhes alcança. O sacerdote é a luz do mundo, e essa luz ilumina, mesmo que indiretamente, a família de cujo seio ele saiu. Que grande honra para uma família ser objeto do olhar divino e poder oferecer à Igreja e ao mundo um sacerdote.
Por causa dos seus sacerdotes, Cristo olha com benevolência as sociedades e as nações, e se dispõe a abençoá-las. Quando do seio da sociedade surge um novo sacerdote, a sua benevolência redobra, pois ali se acende um foco novo de vida e de virtude divinas.
Multiplicar os sacerdotes é, pois, para a sociedade, algo muito valoroso, contudo, em um mundo cada vez mais secularizado, essa fala parece algo utópico ou referente a tempos passados. Mas a indiferença ou o ateísmo que nos circundam não mudam a verdade, não alteram essa realidade. Não é porque o ateu não crê em Deus que Ele deixa de existir. Não é porque a maioria vive como se não fosse morrer que os homens deixam de morrer.
É necessário que haja homens consagrados para Deus e para os outros que intercedam em favor dos pecadores e pela salvação das almas, para tocar o coração de Deus e abrandar, pela misericórdia e amor, os males que a sociedade merece receber. Por vocação, o sacerdote é colocado como um para-raios entre o Céu e a Terra, para fazer desviar o raio e torná-lo inofensivo ao mundo. Ele não faz isso por seu próprio poder, mas pelo poder contido no seu sacerdócio, que tem origem divina.
Assim, do ponto de vista humano, o sacerdote ocupa uma posição honrosa na sociedade; contudo, o sacerdote está para além dessa dignidade terrena, pois sua grandeza se fundamenta em uma graça particular que ele recebe gratuitamente da bondade de Cristo. De origem sobrenatural, a escolha que Cristo faz de seus ministros é na verdade um grande e precioso dom sobrenatural, fruto do seu amor, do qual nenhum homem é digno, mas que deve ser correspondido com espirito de fé, gratidão e com desejo ardente de lhe ser fiel.
Se a menor de todas as graças possui um valor enorme em nossa alma, pois é fruto dos merecimentos e sofrimentos de Jesus, o que podemos dizer então da graça sacerdotal? Ela eleva a alma a uma dignidade tão sublime e lhe confere poderes e graças grandiosas – e por que não dizer, divinas.
O Sacerdócio é o prolongamento de Jesus no mundo, é a continuidade de sua missão e sua presença em meio a nós. Trata-se de um homem que se reveste de Cristo e age em seu nome. Dessa vocação, muitas graças são hauridas para a sociedade humana e para as famílias. Por isso rezemos sempre pelas vocações.
“Enviai, Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e poucos são os operários” (Lc 10, 2).
Pe. Alysson Antunes Carvalho
PROJETO MARAVILHOSO DA COMUNIDADE SHALON
Matheus nos fala do belo trabalho da comunidade Shalon e de sua parceria com a Missão Belém, pelo bem-estar físico e espiritual dos moradores de rua.
INSCRIÇÕES PARA A CATEQUESE BOM PASTOR
Clique no link abaixo para fazer a inscrição na Catequese Bom Pastor 2025:
NOVOS TEMPOS NA IGREJA
No domingo, há nove missas na igreja de Santa Generosa, 90% do público é de jovens. Assista ao vídeo e confira.
DEPOIMENTO DO PAROQUIANO MARCELO SOBRE A PROCISSÃO COM O SANTÍSSIMO NAS IMEDIAÇÕES DA IGREJA
Em toda primeira sexta-feira do mês as missas são em honra do Sagrado Coração de Jesus. Fazemos a consagração a Ele e há duas procissões com o Santíssimo na Paulista: uma depois da missa das 15h e outra depois da missa das 18h. Vai até o Hospital Santa Catarina.
VÍDEOS RECENTES
Playlist
Aqui você acompanha alguns dos vídeos mais recentes da Paróquia Santa Generosa. Recomendamos que acompanhe o nosso Canal do Youtube, além do Facebook e Instagram para manter-se atualizado quanto às nossas atividades.
eventos
palavra do pároco
VOCAÇÃO DE SANTA GENEROSA
Em sua vocação de ser o lugar da memória e da presença de Deus em nossa cidade, a Paróquia Santa Generosa sempre foi agraciada com o testemunho de grandes e santos sacerdotes que por ela passaram, sacerdotes que a ajudaram a se transformar em referência de evangelização e serviço. Entre os muitos que estiveram à sua frente, vale destacar o inesquecível Padre José Paine, que me recebeu quando iniciei minha trajetória aqui. Ele construiu a nova igreja em 1970, e foi o pároco responsável por ela durante 62 anos.
Posso afirmar sem medo de errar que todos os sacerdotes que por aqui passaram se empenharam na grandiosa tarefa de transformar Santa Generosa em um autêntico lugar de acolhida, de misericórdia, um lugar onde as pessoas encontram a presença real de Cristo no santo sacrifício da Santa Missa, nos sacramentos, nos trabalhos de evangelização, na catequese, nos serviços pastorais, etc.
Todo esse esforço foi sendo ao longo dos anos maximizado, potencializado para atender à crescente busca dos paulistanos por um lugar de oração, de experiência cristã, de vivência concreta dos sacramentos, de aprendizado e de experiências religiosas das mais diversas. Hoje, Santa Generosa é referência na cidade por oferecer cincos missas diárias, de segunda a sábado, e nove missas aos domingos, com quatorze horas de confissões.
Outra característica marcante é ser “uma igreja em saída”, como nos pede o Papa Francisco. Não se contenta em manter os seus paroquianos, mas se desafia a arrebanhar novas ovelhas para o redil de Cristo por meio de várias iniciativas, como a catequese de iniciação cristã de adultos para o Batismo, Primeira Comunhão e Crisma. Para conseguir atender à crescente demanda e facilitar o acesso, esses cursos são ministrados online e presencialmente. Nossas estimativas mostram que são mais de trezentas pessoas anualmente a receberem os sacramentos da iniciação cristã.
Ano a ano percebemos o quanto tem crescido também a catequese de crianças, em duas modalidades: 1) A Catequese Bom Pastor, que acolhe crianças de três a doze anos, sendo ela orientada no sentido de ajudar a criança desde cedo a seguir uma trajetória cristã; 2) A catequese de preparação para a Primeira Comunhão e, às vezes, também para o Batismo. Hoje, cresce substancialmente na Paróquia Santa Generosa a presença de crianças de todas as idades.
A característica de ser uma igreja em saída também se consolida pelo atendimento aos enfermos nos oito hospitais que estão no seu território pastoral. Sempre que solicitam, os doentes são atendidos prontamente por um sacerdote, que lhes propõe ministrar o sacramento da Unção dos Enfermos, a Confissão e a Comunhão. Posteriormente, se desejar, o paciente poderá receber a Comunhão diária por meio da visita dos ministros.
O atendimento aos pobres se dá em várias ações, de acordo com a experiência dos voluntários, como as voluntárias da caridade, que distribuem cestas básicas e enxovais para grávidas e, de certa forma, acompanham a vida de várias famílias que necessitam dessa assistência. Vale destacar também o importante trabalho dos Vicentinos em nossa paróquia, pois com visitas e orações, eles acompanham pessoas pobres em suas necessidades mais urgentes.
A Missão Belém continua cada vez mais empenhada em melhorar a vida de nossos irmãos mais necessitados. Em uma de suas muitas ações, propõe aos nossos paroquianos a adoção de crianças que vivem no Haiti, crianças que se encontram abaixo da linha de pobreza. Hoje estima-se que mais de duzentas crianças são apadrinhadas por paroquianos de Santa Generosa. Esses também têm colaborado grandemente com a doação de roupas usadas ao bazar da Missão Belém; toda a renda vem sendo revertida para a construção de uma casa de saúde com capacidade de duzentos leitos para pacientes terminais, pessoas que muito provavelmente iriam morrer nas ruas, mas que terão um lugar digno para fazer sua passagem desta para outra vida.
A igreja de Santa Generosa também abre espaço às experiências de novas comunidades e movimentos que cuidam igualmente da vida de fé dos paroquianos. Entre essas comunidades, estão o Movimento Comunhão e Libertação, Comunidade Lumen, Renovação Carismática Católica, Famílias Novas e membros da Opus Dei. Estes propõem momentos de reflexão e oração para os seus integrantes e abertos a toda a comunidade. Santa Generosa também está presente nas mídias sociais, com a transmissão diária das missas e com reflexões pontuais sobre a vida da Igreja e a vivência segundo a doutrina de Cristo.
Com toda essa gama de ações, movimentos e empenho, a Paróquia Santa Generosa busca se manter atuante e alinhada aos esforços dos primeiros e santos sacerdotes que nos precederam na missão de evangelizar e contribuir com a Igreja em São Paulo, com a Santa Igreja de Cristo. Que Deus nos abençoe!
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – Setembro/2024
“SE ALGUÉM ESTÁ ENFERMO, CHAME OS PRESBÍTEROS DA IGREJA.” (TIAGO 5, 14)
Quando Jesus escolheu seus discípulos e iniciou a vida pública, chamava a atenção a multidão que ia ao seu encontro para ouvir os seus ensinamentos, aliviar suas angústias e levar-lhe os doentes para que os tocassem, pois d’Ele saía uma força que curava toda a sorte de enfermidade e males.
A cura dos doentes foi motivo de muitas controvérsias entre Jesus, os fariseus e as autoridades da época, especialmente no que diz respeito ao poder divino de Jesus, que se posicionava como Filho de Deus, e à observância do sábado.
Certamente, o mais polêmico dos relatos é a cura do paralítico que tinha sido introduzido pelo telhado da casa onde Jesus se encontrava por quatro homens. “… Jesus, vendo a fé daqueles homens, disse ao paralítico: “Os teus pecados estão perdoados.” (Mat 9, 1-8).
Como alguns mestres da lei ali presentes ficaram escandalizados com essa frase, pois o perdão dos pecados é atributo tão somente de Deus, Ele complementou: “Para que saibais que o Filho do homem tem o poder de perdoar os pecados, eu te digo: levanta-te e anda!” (Mat 9, 1-8) E o paralítico levantou e andou. Diz o Evangelho que o povo ficou admirado em ver Deus dar a um homem um tal poder.
As curas em dia de sábado também criaram muitos problemas para Jesus. Segundo o relato de Lucas (6, 6-11), Ele estava pregando na sinagoga quando observou um homem com a mão direita seca. Os mestres da lei e os fariseus estavam a observar, pois se Jesus o curasse em dia de sábado, teriam um bom argumento para acusá-lo.
Antevendo o propósito, Jesus chamou o homem de mão seca e lhe perguntou: no dia de sábado é permitido fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou deixá-la perder? Dito isso, olhou a todos ao redor e disse ao homem: “estende a mão.” Assim que ele o fez, sua mão ficou curada. Revoltados, os mestres da lei e os fariseus discutiam de tramar contra Jesus.
O Evangelho também mostra a fé como pré-requisito para os milagres. Na cidade de Nazaré, onde passara os primeiros trinta anos de sua vida, Jesus fez poucas curas porque seus conterrâneos não acreditavam que o “filho do carpinteiro” pudesse ter tão grandes poderes.
Faltou a esse povo a fé de um gentil, o oficial romano que pediu o restabelecimento de um empregado seu. Quando Jesus, diante do apelo, se mostrou disposto a ir imediatamente à sua casa, ele disse que não precisava, pois bastava uma palavra sua para que seu subordinado ficasse curado. Jesus curou o empregado e admirou-se da fé daquele homem.
Jesus também infringe os costumes judaicos, segundo os quais tocar em alguém impuro tornaria a pessoa impura. Ele não apenas deixa que um leproso dele se aproxime, como lhe toca e realiza a cura. Em seguida, lhe ordena que vá apresentar-se ao sacerdote.
No milagre da cura do cego de nascença, Jesus desconstrói a ideia de doença como castigo divino, pois se acreditava que alguém pecara para que nascesse com alguma enfermidade, no caso, a cegueira. Jesus nega essa crença e usa essa cura como mais uma manifestação da graça divina no meio do povo.
Em nossos dias, os milagres também se multiplicam a todo o momento. Nos hospitais, é o mesmo Cristo, na pessoa do sacerdote, a visitar os enfermos. Por isso, o Apóstolo Tiago recomenda: “alguém dentre vós está enfermo, chame os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente, e o Senhor o aliviará; e se tiver pecado, receberá o perdão.” (Tiago 5, 14).
Portanto, convém à Igreja responder ao apelo de Cristo para estar sempre próximo aos doentes e permitir a realização de muitos outros milagres. É sem dúvida também uma oportunidade de o sacerdote contemplar Cristo, de aprender a reconhecê-lo no rosto de tantas pessoas que, pelo sofrimento, completam no mundo a redenção de Cristo, o que faltou ao calvário de Cristo, como nos diz São Paulo.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – agosto/2024
“QUEM É ESTE, A QUEM ATÉ O VENTO E O MAR OBEDECEM? “(MC 4, 41)
Durante o seu ministério, Jesus precisava revelar aos discípulos quem era Ele; todos os acontecimentos de sua vida serviam para dar sinais de sua divindade. Um desses acontecimentos foi o de acalmar o vento e o mar. Ao cair da tarde, Ele disse aos seus discípulos: “vamos para a outra margem.” Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo (Mc 4, 35-36).
Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que ela já começava a se encher. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O ventou cessou e houve uma grande calmaria. Então, Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Eles sentiram medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc 4, 37-41).
Os discípulos eram em grande parte pescadores que Jesus encontrara no mar da Galileia. Mesmo experientes, esses homens estavam apavorados, pois, naquele dia, certamente o mar se agitou como nunca tinham visto antes em suas pescarias. Devia ser mesmo um fenômeno único, a ponto de chegarem assustados diante de Jesus. Ao ordenar o silêncio ao vento e ao mar, Jesus revelava seu domínio sobre a natureza, revelava-se um homem excepcional, afinal, nunca ninguém tinha acalmado o mar daquele jeito; na visão dos discípulos, Ele não podia ser um homem comum.
O método da experiência cristã é sempre o revelar de uma surpresa, é o admirar-se do que o Senhor faz acontecer em nossa vida todo o tempo. Imagine Jesus diante de um paralítico que lhe apresentaram estendido numa padiola: “Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados.”. Imagine a surpresa de todos quando o ouviu dizer: “Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, eu te digo: Levanta-te, toma a tua maca e volta para casa”. E a multidão ficou admirada que Deus tenha dado a um homem o poder de perdoar os pecados (Mat 9, 1-8).
Hoje, este método de Deus continua valendo para a nossa vida agitada. Quantas vezes, eu, no trabalho de sacerdote, diante de uma unção a um enfermo, presencio milagres?! Impressionou-me de modo especial um enfermo que se recusou a receber a Unção dos Enfermos, pois não queria morrer de jeito nenhum. Ao ouvir que a Unção do Enfermos era para ajudá-lo a viver na graça de Deus o tempo de vida que lhe restava e que, às vezes, aconteciam casos de cura, ele quis receber de imediato o sacramento. Esse paciente viveu ainda quase uma semana antes de morrer – e morreu com uma serenidade que surpreendeu os seus filhos. Eles me disseram que havia acontecido ali um grande milagre, pois o pai, de agitado e intranquilo antes da Unção dos Enfermos, tinha se tornado outra pessoa. Realmente vivera em graça o pouco tempo que lhe era destinado.
Quantas pessoas encontram coragem para se confessar após me ouvirem insistir que a confissão é o lugar onde Jesus nos olha com imenso carinho e nos diz: “Eu sou apaixonado por você! Eu te amo!”? Muitos procuram a Paróquia Santa Generosa porque a veem como o lugar onde a infinita misericórdia de Deus passa através dos sacerdotes que, embora fracos e pecadores, receberam a autoridade divina para dizer: “Em nome de Cristo, teus pecados estão perdoados. Levanta-te e anda.” Quantos relatos de pessoas que não se confessavam há mais de dez, trinta, cinquenta anos, e que vieram até Santa Generosa para receber o perdão por pecados que não tinham coragem de confessar, e que saíram revigorados pela graça do perdão de Deus?!
Viver em plenitude como cristãos é também deixar-se surpreender com o que Jesus faz acontecer todos os dias em nossa pobre vida. Sua graça divina nos revigora de uma maneira muitas vezes impossível de descrever, de entender. Certamente ainda somos como os discípulos, medrosos e sem fé, mas precisamos confiar que não existe nenhum mar agitado que Ele não possa acalmar, nenhum vento tempestuoso que Ele não consiga subjugar. Ter a consciência de sua presença viva e atuante no meio de nós nos ajuda a acreditar que é possível superar qualquer obstáculo, qualquer circunstância adversa que nos ocorrer.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – julho/2024
A MISSÃO DE SANTA GENEROSA NA CIDADE DE SÃO PAULO
Sei que já tratei algumas vezes sobre esse tema, mas como é de vital importância neste momento de tanta turbulência, volto a ele: qual é a missão de Santa Generosa na cidade de São Paulo? Por estar localizada em um ponto estratégico (ao lado do metrô Paraíso e a quatrocentos metros de uma das mais importantes avenidas da capital, a Paulista), nossa Paróquia está à vista de centenas e milhares de pessoas todos os dias; não bastasse, conta em seu território com oito hospitais, e todos sabemos da importância da graça e do conforto espiritual para os enfermos, muitos deles em sua derradeira oportunidade de reconciliação com Deus. Por tudo isso, a Paróquia Santa Generosa tem se consolidado como lugar de evangelização e santuário de graças e bênçãos para a cidade de São Paulo, uma missão que “vem de berço”.
Eu me dei conta dessa sua grandiosa tarefa tão logo cheguei à Paróquia, no final de 2015. O responsável por criar essa santa cultura de Santa Generosa e me apresentar os desafios que teria pela frente foi o seu pároco, Padre José Mayer Paine, já com 94 anos. Logo vi o esforço que teria de fazer para acompanhar sua rotina de muito trabalho, mas, sobretudo, de oração, meditação e silêncio. Ele costumava passar muitas horas em recolhimento diante do sacrário. Era notório seu grau de santidade, construída nos mais de sessenta anos que esteve à frente de Santa Generosa.
Esse homem de Deus já tinha cumprido sua missão na Terra. Seus desafios foram imensos. Sua persistência e sua tenacidade tornaram possível a bela igreja que temos hoje. No ano de 1968, foi derrubada a antiga, que ficava no atual viaduto de Santa Generosa. Ele construiu a nova igreja e logo adquiriu a casa paroquial e o terreno onde hoje estão os salões. Tudo o que temos hoje provém desse frutuoso trabalho do nosso caro Padre José.
Questão material à parte, depoimentos e registros históricos mostram que desde o início de sua posse como pároco em Santa Generosa, em 1955, a igreja se tornou o lugar onde a fé católica era vivida na sua integralidade. Sempre foi um lugar de grandes celebrações e marcado pela presença de santos pregadores, como Padre Matheus Nogueira Garcez, Monsenhor Sylvio Mattos, o nosso querido Padre Vittorio Saraceno, que continua a celebrar conosco, e muitos, muitos outros.
Desde o início, sempre houve atenção especial para com o Sacramento da Reconciliação; Santa Generosa sempre procurou se destacar como o lugar onde o fiel pode encontrar a confissão diária. E se consolidou na mente dos católicos como um ambiente de ensino, propagação e expansão da doutrina católica, ajudando várias gerações a enfrentar o secularismo que tem levado tantos católicos a se desviarem da verdadeira fé e, até mesmo, a perdê-la.
Quando comecei na Santa Generosa, encontrei Padre José já idoso, com dificuldades para caminhar, a vista comprometida e dependente da ajuda de pessoas que com grande carinho o serviam. Fiquei impressionado porque, em pouquíssimo tempo, com pequenos gestos, conquistei sua total confiança. Hoje, rememorando alguns desses meus cuidados, vejo que eram coisas realmente simples, fáceis de fazer: pontualidade, nunca atrasar o início das celebrações; ressaltar sempre a importância da confissão frequente; e estar disponível para atendê-las ao final de cada missa. Desde os tempos de Padre José costumo repetir, ao final das missas: “se alguém quiser se confessar, vá para a fila que vou atender às confissões”.
Acho que conquistei o santo Padre José também porque comecei a tomar algumas iniciativas – e ele aprovava e autorizava todas elas: ampliei o horário de funcionamento da igreja – antes, ela abria às 7h e permanecia fechada das 10h30 às 14h30. Na correria diária, para muitas pessoas o horário de almoço é o único disponível para uma visita ao Santíssimo. Com a mudança, ela passou a ficar aberta das 7h às 20h. Animado com a receptividade da alteração, criei um novo horário de missa – ao meio-dia – de segunda a sábado. Também promovi a reforma da fachada e a instalação de uma cozinha industrial para atender aos nossos eventos. Depois que Padre José nos deixou, mantive esse espírito de inovação – criei novos horários de missa, ampliei os horários de confissão e estou sempre me desafiando para manter Santa Generosa em evidência na nossa comunidade e em nossa cidade.
Quem não se lembra, no começo de 2020, do protagonismo de Santa Generosa no período de pandemia? Praticamente um mês após o início já estávamos celebrando missas e atendendo confissões. Era grande a procura e procurávamos atender a todos. Por cerca de três meses a igreja contava apenas com voluntários. E tivemos a ousadia de usar os protocolos de limpeza e saúde que estavam sendo praticados na Europa!
Para se ter uma ideia, em junho de 2020, quando as igrejas começaram a reabrir, na festa de Corpus Christi Santa Generosa já celebrava dez missas aos domingos, com a participação de pessoas de outras regiões da cidade e da Grande São Paulo. Adotamos como critério celebrar quantas missas fossem necessárias para atender a quem quisesse realizar o preceito dominical de forma presencial. Era grande a demanda, e esse modelo praticamente se configurou em nossa paróquia, que oferece hoje nove missas aos domingos e cinco missas diárias! A exemplo do que ocorreu na pandemia, a alta procura por confissões se mantém, e hoje temos seis horas de confissões de segunda a sábado e, aos domingos, atendemos das 8h às 22h. Desconheço igrejas em São Paulo e no Brasil com um horário tão extenso de atendimento.
Várias outras iniciativas vêm se somando para fortalecer e engrandecer o papel missionário de Santa Generosa em nossa cidade, entre elas as procissões (até a Paulista ou até o metro Paraíso) em datas especiais, como festividades de Nossa Senhora, São José, Santa Generosa, Corpus Christi e todas as primeiras sextas-feiras do mês.
A catequese de iniciação cristã de adultos é fruto do comprometimento de mais de uma dezena de catequistas que voluntariamente dedicam muitas horas a esse importante trabalho. Todos os anos, mais de trezentos adultos são preparados para os sacramentos do Batismo, da Crisma e Primeira Comunhão. A catequese de crianças cresceu muito na paróquia. Além da tradicional para a Primeira Comunhão, já ampliada, temos a Catequese Bom Pastor, para crianças de três a doze anos, um modelo de catequese continuada. E temos, na missa das 11h aos domingos, o acolhimento das crianças realizado pelos Pequeninos do Senhor, que fazem um trabalho de evangelização enquanto os pais participam da Celebração Eucarística.
Todas essas iniciativas vêm se somar ao trabalho missionário de atendimento aos doentes que nos solicitam nos oito hospitais do território paroquial. Além da visita do sacerdote para a Unção dos Enfermos, eles podem receber diariamente a Sagrada Eucaristia, graças à disponibilidade e boa vontade de nossos ministros. Penso que a missão da igreja Santa Generosa é responder às solicitações que a realidade nos solicita e ser um lugar onde as pessoas possam encontrar sempre a presença de Cristo, especialmente nos santos Sacramentos.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – junho/2024
O QUE A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO FAZ NA VIDA DO CRISTÃO!
Quero aproveitar este tempo pascal para meditar sobre o que a Páscoa da Ressureição faz na vida do homem do nosso tempo. Começo tomando o que escreveu o Papa Francisco no cartaz de Páscoa do Movimento Católico Comunhão e Libertação:
“Vemos, assim, o que faz a Páscoa do Senhor: impele-nos a seguir em frente, a sair da sensação de derrota, a rolar a pedra dos sepulcros onde muitas vezes encerramos a esperança, a olhar o futuro com confiança, porque Cristo ressuscitou e mudou a direção da História”.
Que força tem a Ressureição de Cristo! Ela nos impulsiona a seguir em frente apesar de toda a contradição e pecado que carregamos no dia a dia, a sermos esperançosos, confiantes no futuro, apesar das aparências dizerem que a vida não realiza aquilo que promete, ou que isso ou aquilo é impossível de se realizar. Temos de acreditar que tudo se torna possível, pois, com a Páscoa, Deus introduziu na história do homem a certeza do renascimento em coisas que aparentemente terminam.
No mesmo cartaz de Páscoa, há uma reflexão do Padre Luigi Giussani, fundador do Movimento Católico Comunhão e Libertação, que continua o pensamento de Francisco sobre a Ressurreição do Senhor: “O acontecimento cristão é Deus entrando na vida humana e na História. Eu sou cristão porque Ele, Deus, está presente entre nós e estará presente todos os dias até o fim dos tempos. Aquele menino cresceu, morreu e ressuscitou, e ressurgindo atrai irresistivelmente a Si pessoas cuja unidade constitui Seu Corpo, Corpo Místico, ou povo de Deus”.
A força da Páscoa é garantida pela entrada na História da companhia de Deus ao homem. Assim, o homem nunca está sozinho e nunca mais estará só, pois Ele resolveu fazer companhia àqueles que O reconhecem dentro da História. A isso chamamos de Igreja, o lugar daqueles que reconhecem e esperam a força de Deus.
Não é a força do homem decaído do pecado que dá a garantia da vitória sobre o pecado. O que nos dá a certeza é que Jesus, antes de partir deste mundo com sua Ascenção aos Céus, nos enviou o Espírito Santo Paráclito.
Nesses dias em que fiquei hospitalizado em uma UTI, pensei o quanto é gratificante a certeza de que não estamos sozinhos. Nossa missão é ser testemunha da glória e da presença de Cristo nas circunstâncias concretas que vivemos, levando esperança aos desesperançados, aos tristes, aos sofredores.
Sem a certeza da sua ressureição, tenderíamos a sentir a solidão, o medo, a desesperança, o desânimo. Quer vivamos, quer morramos, Ele preenche nossa vida de esperança. É muito bom fazermos a experiência de viver na sua doce presença sob qualquer circunstância da vida.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – maio/2024
TODAS AS TARDES UM ENCONTRO COM CRISTO
Todos os dias de terça à sexta-feira, quando o relógio marca 15h, inicia-se uma jornada que transcende a rotina comum. Na região do bairro do Paraíso, os oitos hospitais que pertencem à jurisdição territorial da Paróquia de Santa Generosa se tornam cenário de uma missão que carrego com fervor: levar conforto aos enfermos, àqueles que sofrem, àqueles que clamam pela presença divina em suas vidas. Em outras palavras, levar o próprio Cristo através da Comunhão, Unção dos Enfermos e o sacramento da Reconciliação.
Esse ministério, que abracei com o coração e a alma, revelou-se uma fonte inesperada de ensinamentos e transformações. A cada visita, a cada olhar cruzado, cada palavra de conforto trocada, percebo uma verdade profunda: eu, na intenção de servir, acabo por ser servido. Na fragilidade de cada enfermo, descubro a face de Cristo, e é nesse encontro que minha fé se aprofunda e se renova.
Acredito, com todas as fibras do meu ser, que a força de um sacerdote consiste em tomar consciência que todo o seu trabalho é reconhecer a presença real de Cristo em tudo o que o Ele realiza. A verdadeira essência do sacerdócio revela-se também nos corredores dos hospitais, no toque acolhedor, no olhar que escuta. É na vulnerabilidade dos doentes que encontro a força da fé, uma fé que se manifesta diariamente através daqueles que muitos consideram frágeis.
Esses encontros diários transformaram minha vida de uma forma que nenhuma palavra é suficiente para descrever. Os doentes, com suas histórias, lutas e esperanças, ensinam-me sobre a essência da humanidade, sobre a importância da compaixão e do serviço desinteressado. Eles me lembram que, mesmo nos momentos de maior fragilidade, existe uma Luz que nunca se apaga, porque Cristo está ali incondicionalmente, fazendo companhia para eles, pois o Senhor da vida jamais abandona quem coloca a sua confiança nele.
Hoje posso afirmar com convicção que minha missão, nossa missão, vai além de cuidar do espírito; estende-se ao cuidado do corpo e da alma. Os doentes, em sua aparente vulnerabilidade, oferecem-nos um presente inestimável: uma fé renovada, um sentido de propósito e a certeza de que, no serviço ao próximo, encontramos a verdadeira face de Deus.
E, assim, todos os dias de terça à sexta feira, a partir das três da tarde, renovo minha fé e reafirmo minha missão, ciente de que, ao visitar os enfermos, estou não apenas cumprindo um dever, mas também recebendo uma bênção e uma lição de vida que só o coração verdadeiramente aberto pode compreender, pois o Verbo de Deus se fez carne e habita entre nós. E através do encontro com o doente, vemos a Sua glória.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – abril/2024
QUARESMA – TEMPO DE CONVERSÃO, PENITÊNCIA E CARIDADE!
A Quaresma começa sempre na Quarta-feira de Cinzas, dia em que o sacerdote impõe as cinzas em forma de cruz na testa ou na cabeça do fiel e diz: “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás” ou “converta-te e crê no Evangelho”.
O termo Quaresma remete aos quarentas dias que Jesus ficou no deserto antes de começar sua missão na terra; também faz lembrar os quarenta anos que o povo de Deus ficou no deserto antes de adentrar a terra prometida. Para nós, são os quarenta dias de preparação para o mistério da Paixão, Morte e Ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo, mistério central da fé que, com o nascimento de Jesus no Natal, completa a revelação de Deus ao mundo.
Quaresma é tempo de conversão, e a conversão nada mais é que voltar o olhar para Deus e termos consciência de nossa finitude; por isso, o apelo na quarta-feira de cinzas é para nos lembrarmos de que somos pó e ao pó voltaremos.
Vivemos tempos difíceis. Tiramos Deus do centro de nossas vidas e colocamos as coisas mundanas; passamos a maior parte do tempo lutando e correndo atrás de coisas que passam, como o dinheiro e os prazeres efêmeros, e as tornamos tão fascinantes, que elas começam a determinar os rumos de nossa vida.
É impressionante como hoje as mídias sociais roubam o espaço e o tempo de qualquer convivência saudável em família. Julgo dizer que as mídias praticamente eliminaram a convivência familiar. Dificilmente se sentam à mesa todos juntos em casa, e quando isso ocorre, se tem sempre a companhia da televisão, do celular, prejudicando, assim, qualquer possibilidade de diálogo, de interação entre pais, filhos, avós, irmãos…
Quaresma é tempo de penitência e de jejum; a Igreja pede que na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa sejam cumpridos o jejum e a abstinência de carne, um gesto simples para educarmos nosso corpo e fortalecermos a alma. É mais uma prática que nos ajuda a compreender que “nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra da boca de Deus”.
É também tempo de olharmos para o sofrimento de Jesus na Cruz. Nesse sentido, a Igreja nos chama ao exercício da via sacra. Aqui em Santa Generosa ela é feita todas as sextas-feiras às 11h e às 17h. A Igreja na Sexta-feira da Semana Santa coloca como o dia especial para pensarmos e celebrarmos a morte de cruz de Jesus através da via sacra na parte da manhã e, à tarde, às 15h, a celebração da paixão em todas as igrejas do mundo.
A quaresma também é um tempo propício para a confissão sacramental. Como católicos de fato e de direito, devíamos nos confessar pelo menos uma vez por ano e comungar pela Páscoa da Ressurreição. Aqui em nossa paróquia, a confissão é possível todos os dias e com diferentes sacerdotes.
Também é um tempo para olharmos para o irmão; Quem ama a Deus que não vê, deve expressar este amor ao irmão que vê, especialmente o mais necessitado. Façamos desta Quaresma mais uma oportunidade de exercitarmos nossa generosidade.
Nesse sentido, quero propor um gesto de caridade para com a Missão Belém que, por meio de um trabalho de evangelização e busca da recuperação física, emocional e espiritual, busca ajudar os moradores de rua a sair da situação de miséria. Seu desafio agora é construir uma casa para acolher os moradores de ruas com problema de saúde, e você pode ajudar trazendo ao bazar roupas e objetos de sua casa que já não lhe servem.
Outra entidade necessitada de nossa atenção é a das Voluntárias da Caridade que, na paróquia, distribui alimentos para famílias carentes. Quem quiser pode fazer suas doações em alimentos ou em dinheiro diretamente na secretaria de nossa Paróquia.
Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a responder com generosidade a este tempo de penitência, esmola e conversão.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – março/2024
O HOSPITAL COMO LUGAR DE MISSÃO: “EU ESTIVE DOENTE E VÓS ME VISITASTES”
Há mais de dois mil anos, Jesus deu uma incumbência aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo e anunciai a Boa-Nova do Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15-18), e os discípulos continuaram anunciando o Reino de Deus até os nossos dias.
De todas as formas possíveis, a igreja de Santa Generosa tenta responder a este apelo de Nosso Senhor Jesus Cristo, e um dos lugares desta sua importante missão são os hospitais. Atendemos aos enfermos de oito hospitais em nossa região: HCor, Oswaldo Cruz, Sancta Maggiore, Maternidade Santa Joana, Santa Rita, Maternidade Santa Maria, Hospital São Rafael e Hospital da Luz.
Buscamos atender a todos os pedidos de visitas que nos chegam através da secretaria paroquial. Em primeiro lugar, o sacerdote vai até o hospital e avalia as necessidades de cada paciente e, em geral, lhe oferece os Sacramentos da Unção dos Enfermos, da Confissão e da Eucaristia. Depois, a partir de sua necessidade e disposição, lhe dá a opção de, durante o período de internação, ser acompanhado pelos ministros da Paróquia, para a comunhão diária ou quando a desejar.
Um grande encontro sempre acontece quando respondemos positivamente ao mandato de visitar os doentes. Jesus diz, na ocasião em que pregou a parábola dos talentos: “porque eu estive doente e tu me visitastes” (Mt 25, 36). Este é o grande mistério! Ao visitarmos um doente, visitamos o próprio Cristo, e o paciente comunica, pelo seu sofrimento, pela sua dor, o grande amor que ele nutre por Cristo, Nosso Senhor, e por Nossa Senhora. A realidade do sofrimento nos obriga a pensar o quanto é misteriosa a vida quando Deus faz parte dela!
Aprendo muito nessas visitas! Primeiro, busco estar sempre aberto para o que o Senhor quer me falar através do doente. E Ele sempre fala! Algumas experiências de visita me marcaram muito nestes últimos tempos; quero citar duas:
Ouvi de uma jovem, muito dinâmica e cheia de vida, que os médicos lhe informaram que sua doença estava em estágio muito avançado e a medicina nada mais podia fazer. Apesar do veredito, ela estava serena; vivia um momento de total entrega aos desígnios de Deus e confiava em um milagre. Diante dessa jovem tão convicta da misericórdia divina, deixei o hospital radiante e esperançoso, pois, tal como aquela jovem, também eu desejo ser livre das amarras deste mundo. Confiar com todas as forças em Deus muda a maneira como enxergamos as adversidades e vivemos o sofrimento, e nos torna livres e fortalecidos. Chegar a esse estágio, contudo, é graça dos Céus!
A segunda experiência que me tocou profundamente foi a de uma paciente em estágio terminal. Praticamente abandonara a Igreja Católica para entrar em outra igreja que lhe prometera a cura. Passados alguns anos, a doença foi se agravando e a promessa não se concretizou. Ela desejava muito receber a Unção dos Enfermos e se reconciliar com a Igreja Católica. Quando cheguei ao quarto de hospital, lá estavam as duas filhas de aproximadamente vinte anos e outras seis pessoas; todas rezavam. A intensidade de voz e o fervor de todos me deixaram impressionado! Ouvi a confissão da paciente e lhe dei a Unção dos Enfermos; ainda que estivesse com bastante dificuldade de engolir, ela fez questão de receber a comunhão e se reconciliar com Deus. Nessa hora, me veio à mente a história do paralítico de Cafarnaum – Jesus o curou após ver a fé dos homens que o desceram pelo telhado da casa: “[…] vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: […] ‘eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa’.” (Mc 2, 1-11). Eu também vi a fé daqueles que rezavam para que aquela mulher pudesse se reconciliar com a Igreja e ser acolhida por Deus.
Convido você a também fazer a experiência de contemplar o mistério que o Senhor quer realizar na vida de quem visita um paciente por causa d’Ele. Se quiser fazer isso de forma institucional, convido-o a se tornar ministro dos enfermos na Paróquia Santa Generosa – ou na paróquia em que frequenta. Tudo bem se quiser fazer isso por pura caridade. Só não perca esta magnífica oportunidade de encontrar Deus no sofrimento do outro. Tenho certeza de que, como o Senhor fala comigo através das visitas aos enfermos, falará também com você, e então receberá a recompensa de ver que, para Ele, tudo é possível!
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – fevereiro/2024
“O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS.” A BOA-NOVA QUE REVOLUCIONOU A HISTÓRIA!
Em toda a sua trajetória, a humanidade se vê diante da relação entre sua realidade efêmera, transitória e o sentido último dessa realidade. Sempre procura imaginar, entender o nexo entre a própria efemeridade, sua finitude, o eterno e infinito. Está sempre em uma incansável busca por algo que o transcenda, algo que seja capaz de suplantar, de exceder sua condição humana, material, temporária, fugaz, breve.
Assim se explica a intrínseca religiosidade que nos acompanha desde os tempos mais remotos. Esse senso religioso nada mais é do que a natureza original do homem, que desde sempre se questiona sobre qual o significado último da existência. Por que a dor, o sofrimento, a morte? O que faz valer a pena viver? As religiões nada mais são do que tentativas de encontrar respostas a essas questões arraigadas, natas, em cada coração humano, e de aproximá-lo ao máximo de Algo. Esse algo, quer tenhamos consciência ou não, quer acreditemos ou não, é Deus.
No judaísmo, tradição religiosa que deu origem ao cristianismo, Deus falou pelos patriarcas e profetas, conforme relatado no Antigo Testamento. A tradição judaica diz que nunca Deus se revelou assim a nenhum outro povo; não existe nenhuma nação que tenha um Deus tão poderoso que fez o seu povo escolhido sair da escravidão do Egito. No Antigo Testamento, o homem buscava a Deus, e Deus se deixava ser encontrado ao manifestar-se através dos profetas e patriarcas.
O Natal que nós cristãos celebramos é um acontecimento extraordinário não apenas por se tratar de um grande mistério, mas porque rompe a lógica de busca dos homens a esse sentido maior, sobrenatural da existência – qual seja, não é mais o homem em busca de Deus, mas Deus em busca do homem. Por meio de uma menina chamada Maria, Ele se faz homem e revela-se Ele mesmo como Deus e como homem, em humanidade e divindade, em glória e miséria, aos homens.
No mistério da Encarnação está a verdadeira reviravolta, pois não estamos mais dependentes de nossa insuficiência para buscá-lo! É Ele que nos busca. É Ele que vem até nós através do próprio Filho. Resta-nos saber encontrá-lo, pois encontrar verdadeiramente o sentido da existência – que é a grande pretensão de todos os homens, cristãos ou não – só é possível se buscarmos o Filho de Deus feito homem. Ele se deixa encontrar por todos e todos os dias nos acontecimentos mais primários do nosso cotidiano. A questão agora não é mais procurar Deus em meio aos pensamentos humanos e bens materiais mundanos, mas saber reconhecê-lo em cada fragmento do nosso viver. Ele veio no Natal, habitou entre nós e permanece no meio daqueles que acreditam em sua presença.
O conteúdo do anúncio cristão é este: um homem que, vivendo como outro qualquer, comendo, caminhando, ensinando, curando, pregando, declarou: “Eu sou o seu destino. Eu sou Aquele do qual todo o Cosmo é feito; eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida.” Esse é objetivamente o único caso da História em que um homem não atribuiu a si mesmo uma genérica divinização, mas se identificou substancialmente como Deus, ainda que em sua condição humana.
Por isso, aumentemos a nossa fé no mistério maior da Encarnação, rezando piedosamente o Ângelus todos os dias (ao meio-dia e às dezoito horas):
“O Anjo do Senhor anunciou a Maria, e Ela concebeu pelo Espírito Santo; eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra; e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós!”
O sentido, a beleza da vida que tanto ansiamos é reconhecê-lo presente e atuante em nosso meio. A Boa-Nova é que já não estamos sós, pois Deus veio habitar entre nós. Vamos nos preparar com muita dedicação e fervor para o Nascimento de Cristo!
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – dezembro/2023
“DAI, POIS, A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR E A DEUS O QUE É DE DEUS.” (MT 22, 21).
As controvérsias dos poderes religiosos da época de Jesus nos ajudam a entender a importância e o papel do cristianismo no mundo. Na tentativa de armar uma cilada para condenar Jesus à morte, participaram um grupo religioso, os fariseus, e um grupo político, os partidários de Herodes. A questão era se devia pagar ou não imposto a César, o imperador Romano. Qualquer resposta de Jesus o incriminaria, seja diante das autoridades políticas da época, seja diante dos que esperavam a libertação do povo de Israel do domínio romano.
Se fosse reconhecido como lícito pagar imposto a César, estaria tomando o partido dos romanos em detrimento dos judeus. Do contrário, estaria subvertendo e contrariando o poder de César, e seria tido como um subversivo, um revolucionário, digno de condenação à morte.
Mas Jesus conseguiu tomar uma posição inimaginável, e que iria determinar a posição do cristianismo ao longo de toda a História: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” (Mt 22, 21).
O dilema sobre até onde vai o poder mundano e o alcance e merecido lugar do poder Divino sempre esteve presente na história, determinando o papel do cristianismo na sociedade e a forma de viver dos cristãos.
Essa mesma questão reaparece, por exemplo, no julgamento da nossa querida mártir Santa Generosa e seus onze companheiros, decapitados no ano de 180, conforme escrito em “As atas dos mártires de Scili”.
O então inquisidor, o Procônsul Saturnino, depois de algumas ponderações, disse: “Nós também somos religiosos, e simples é a nossa religião; juramos pelo gênio de nosso senhor imperador e imploramos por sua saúde, o que você também deve fazer”.
Esperanto, um dos dozes cristãos envolvidos no processo, respondeu-lhe: “Não reconheço o império deste mundo, mas sou um servo daquele Deus a quem nenhum homem jamais viu, nem pode ver com estes olhos. Não cometi nenhum furto, e quando compro alguma coisa, pago o imposto, porque conheço meu Senhor e Imperador dos reis de todas as nações.” Donata, complementou: “Honra a César como a César, mas temor somente a Deus.” Véstia reiterou: “Eu sou uma cristã”; e Segunda afirmou: “O que eu sou, isso eu quero ser.”
Nesse diálogo, onde cada um reafirma a sua identidade cristã, o Procônsul Saturnino faz a última tentativa para tentar mudar a posição dos que estavam sendo julgados: “Vocês não querem um tempo para refletir?”
A tentativa era clara: queria que repensassem na razoabilidade de sua proposta, pois bastava-lhes oferecer sacrifícios ao imperador e tudo estaria resolvido. Esperanto estava resoluto: “Numa coisa tão justa não há razão para mudar de opinião.” Saturnino ainda tentou persuadi-lo: “Atrase trinta dias e pense novamente”. E ouviu como resposta: “Eu sou cristão.” E com ele todos concordaram.
Diante de tanta firmeza dos cristãos, o Procônsul Saturnino pronunciou a sentença: “Esperanto, Nartzalo, Citino, Donata, Véstia, Secunda e os outros que confessaram professar a religião cristã, pois apesar de ter-lhes sido oferecida a faculdade de retornar ao romano costume, obstinadamente perseverando, eles são condenados a serem mortos pela espada.” Esperanto disse: “Damos graças a Deus.” Nartzalo comemorou: “Hoje somos mártires no Céu. Graças a Deus!”
A questão da perseguição e do martírio é a mesma que enfrentamos em todos os tempos, apenas com a diferença de que hoje, pelo menos no Brasil, não somos condenados à morte física por nossas convicções religiosas, mas colocados à parte, ridicularizados, considerados alienados e fora do mundo.
Hoje o novo imperador não quer mais o culto a si como Deus, mas, com astúcia, opera para que toda a lógica humana seja guiada pelo interesse material, pelo sucesso econômico, pelo consumo, pela acumulação, pelo possuir. Devemos estar atentos ao que estamos dando mais valor em nossa vida: ao poder terreno e suas promessas ou ao poder de Deus?
Vivemos num mundo quase ateu, pois, para a maioria até mesmo dos cristãos, Deus parece estar relegado a segundo plano em suas realidades. O cristianismo foi reduzido a uma devoção pessoal, e muitos, voltados aos próprios e mundanos interesses, acham que Deus não deve participar, muito menos influenciar na vida social – e negam a Ele o que é absolutamente dele!
Os testemunhos dos nossos primeiros mártires nos ensinam uma radicalidade na vida. Temos de ter em mente que somos como todos os cidadãos deste mundo, porém pertencemos a um outro mundo. Estamos provisoriamente nesta terra, que é um pequeno ensaio do que será na nossa pátria celeste. Não nos descuidemos de dar ao mundo terreno e ao mundo espiritual o valor que lhe é devido, pois a resposta de Jesus contempla a obediência à autoridade civil, desde que legítima e em consonância com as leis de Deus.
Reflitamos sobre o ideal de vida (terreno ou divino) que perseguimos, pois Jesus nos adverte: “de que adianta o homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma?”.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – novembro/2023
VOCÊ CONHECE O PODER DA MISERICÓRDIA DIVINA?
A experiência dos discípulos com Jesus era tão fascinante que Pedro, por iniciativa própria, aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18, 21).
Na verdade, Pedro fez a pergunta já antecipando a resposta que julgava a mais acertada. O que respondeu, no entanto, contrariava a lógica da lei judaica, segundo a qual a ofensa se pagava na mesma moeda. Repare nesse ponto: como ele podia dizer “até sete vezes” se, como judeu, ele sabia que era olho por olho, dente por dente?
Ele disse porque não apenas presenciava o dia a dia de Jesus, que caminhava com pobres e pecadores, como também ele, Pedro, fizera uma profunda experiência de sentir-se abraçado por Jesus na sua pobre humanidade. Quem não se lembra da passagem do Evangelho, aquela da pesca milagrosa, em que ele pediu a Jesus que se afastasse dele pois era um pecador? Jesus não apenas não se afastou dele como o manteve o mais próximo que pôde de seu apostolado, tornando-o mais tarde alicerce de sua Igreja.
À pergunta feita e respondida pelo próprio Pedro, Jesus surpreende a todos ao colocar outra medida: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Ou seja, perdoar, perdoar infinitamente! Como isso é possível? A resposta é a mesma que o anjo Gabriel deu a Maria quando ela quis saber como se realizaria a sua concepção se não conhecia homem algum: “Para Deus tudo é possível!”. Só a misericórdia divina torna possível coisas que para o homem parecem impossíveis, como perdoar sem medida ao seu irmão.
Deus é a pura misericórdia. Essa é a razão pela qual Jesus insiste tanto para que sejamos misericordiosos e saibamos perdoar sem medida: se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não podemos ser tão diferentes d’Ele.
As guerras, as confusões, os atritos, sejam de que ordem for, revelam o quanto estamos distanciados dessa imagem divina e o quanto precisamos trabalhar o dom do perdão. Quando estive anos atrás na Terra Santa, fiquei admirado com o impacto do ódio e da guerra na vida das pessoas; observei uma impossibilidade total de convivência entre judeus e palestinos.
Agora, assistimos à guerra de Ucrânia x Rússia. Muitas são as tentativas da Igreja em promover a paz entre os dois povos. Recentemente, o Bispo Dom Felipo Santoro, membro do Movimento Comunhão e Libertação, esteve em Kiev e em Moscou, e encontrou as comunidades religiosas locais profundamente divididas, um sentimento que se nutre dessa guerra, desse ódio desmedido.
Certamente não temos o poder de pôr fim ao conflito, mas podemos criar uma cultura de paz a partir do lugar em que estamos, ou seja, em nosso meio, em casa, na comunidade, entre os vizinhos, na escola, no trabalho, em nosso convívio de todos os dias. A verdadeira cultura da paz nasce da nossa disposição de perdoar, de relevar. Qualquer que seja a medida da ofensa, o perdão, a caridade, a tolerância precisam ser incomensuráveis, precisam ter a medida de Deus: “até setenta vezes sete”, como respondeu Jesus.
Enche-me de satisfação ver o número crescente de fiéis a esperar a vez na fila da confissão na Paróquia Santa Generosa. Essa é uma prova importante de que reconhecemos as nossas faltas e o quanto somos pródigos da reconciliação com o Pai. Imploramos a compaixão divina para nossas transgressões, mas muitas vezes não nos compadecemos do outro. Em que nível está nossa compaixão no dia a dia, como reagimos às pequenas, médias, grandes contrariedades que familiares, conhecidos, desconhecidos e amigos nos causam a todo momento? Explodimos por qualquer coisa, guardamos mágoas?
Aprendamos a exercitar a capacidade de acolher, de abraçar o outro tal como somos acolhidos e abraçados no Sacramento da Confissão pelo próprio Cristo. Não nos esqueçamos de que as guerras, os grandes conflitos (a maioria, senão todos) são gerados a partir de pequenas atitudes de intolerância, inclemência, inflexibilidade. No final do discurso que fez ao Movimento Comunhão e Libertação, em 15 de outubro de 2022, o Papa Francisco declarou: “Convido-vos a acompanhar-me na profecia pela paz – Cristo, Senhor da paz! O mundo, cada vez mais violento e guerreiro, assusta-me! Digo-o verdadeiramente: assusta-me!”
Sejamos capazes de responder ao apelo do Papa Francisco, e isso passa necessariamente pelo aprofundamento de nosso relacionamento diário com Cristo misericordioso e com os irmãos. Se de um lado o ódio tem o poder de macular, de destruir nossa semelhança com Deus, a misericórdia tem um poder inimaginável: pode nos ajudar a vencer o ódio, a intolerância, a incapacidade de perdoar; pode nos deixar mais “divinos”, bem à semelhança de Deus Pai.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – outubro/2023
QUEM É O VERDADEIRO PROTAGONISTA DA HISTÓRIA?
Nossa Igreja vive tempos desafiadores. Mais do que nunca, tanto nós, sacerdotes, quanto os leigos, precisamos mais do que estar atentos aos movimentos que se apresentam em nossa sociedade e em nossa Igreja, alimentarmos a fé em Deus.
Cheguei a São Paulo no início dos anos 1980, enviado pelo Bispo da Diocese de Macapá, Dom José Maritano, para estudar filosofia na faculdade Associada do Ipiranga (FAI). Ao mesmo tempo, dois sacerdotes, Padre Fúlvio Giuliano e Padre Fernando, que trabalhavam na Diocese de Macapá, aproveitaram a minha vinda e queriam que eu conhecesse de perto a experiência do Movimento Católico Comunhão e Libertação, do qual participavam.
O Brasil vivia o auge da influência da teologia da libertação e, apesar de estudar filosofia, eu sentia já a influência dessa teologia no ambiente acadêmico filosófico. Ao mesmo tempo, o país vivia o final da influência dos militares no comando da nação e a volta das eleições diretas. Ou seja, o início dos meus estudos para me tornar sacerdote coincidiu com um período de nossa história extremamente politizado, e no qual me adaptei facilmente, tanto que, tão logo cheguei, passei a dirigir o centro acadêmico da faculdade de filosofia.
Vivendo intensamente o engajamento político, cheguei a achar que o motor da história era a questão política, e que poderíamos transformar o mundo simplesmente com o ideal humanitário. Minha sorte é que um dos questionamentos do Movimento era justamente essa visão da política como o lugar único da transformação da sociedade.
Assim, quando Padre Fúlvio veio de Macapá a São Paulo para um encontro com o Padre Luigi Giussani, fundador do Movimento Comunhão e Libertação na Itália, é que pude começar a perceber o equívoco dessa minha primeira percepção. Aquele encontro seria a oportunidade de eu contar ao Padre Fúlvio minhas primeiras impressões sobre o que estava acontecendo em São Paulo e que eu achava maravilhosamente revolucionário. Nem bem começou a conversa, Padre Fúlvio enumerou uma série de coisas que considerava fundamentais para a experiência de fé – e que botava abaixo toda a minha teoria. A primeira é que Deus nos amou primeiro, portanto, o protagonista da História é Ele; disse, ainda, que as coisas que almejamos só acontecem se a nossa ação for, antes de tudo, um reflexo do amor dele. Como exemplo, citou o salmo 126: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem”.
Lembro-me muito bem do tamanho da minha decepção com a posição daquele santo sacerdote. Não apreciei muito ser contrariado em minha certeza de que o protagonista da História era o ser humano consciente. No entender do padre Fúlvio, para ser protagonista, o ser humano deveria necessariamente refletir o amor de Deus na sua ação no mundo. Enquanto eu insistia no poder da consciência política, ele defendia a fé em Deus como fundamental para mudar o curso da História.
A questão sobre quem é o protagonista da História, o homem ou Deus, segue como parte das minhas reflexões até hoje. É possível um mundo novo apenas com uma consciência nova do homem ou a fé é indispensável? A cada momento, vejo os sinais como respostas – naquele momento, padre Fúlvio foi o sinal do início do meu despertar. Mas houve outros importantes insights.
Certa vez, realizei um batismo de um adulto que estava com uma doença grave. Estava na iminência da morte e pedia o batismo. Naquele momento tão crucial, me confessou sua dúvida: bastava a ação boa do homem para ganhar o Céu? Bastaria ter dedicado toda a vida à mulher, às filhas? Bastaria ter trabalhado honestamente e ainda ter participado da Igreja? Isso bastaria para a sua salvação? Na inquietação – e certamente tocado pelo Espírito Santo naquele momento tão decisivo – resolveu pedir o batismo, sem dúvida necessário à sua salvação.
Em um encontro dos movimentos eclesiais com o Papa, em Roma, em 30 de maio de 1998, Padre Giussani me deu mais um testemunho: “O verdadeiro protagonista da História é o mendicante: Cristo mendicante do coração do homem e o coração do homem mendicante de Cristo”.
Por isso, sempre fico muito feliz ao ver o que acontece em Santa Generosa. Aqui somos o que Padre Giussani disse: mendicantes. Todos os dias, de segunda a segunda, são celebradas muitas missas; temos um horário amplo de confissões, e importantes momentos de adoração e bênção do Santíssimo; realizamos visita aos doentes nos hospitais; temos a catequese de adultos e de crianças; vários são os grupos de movimentos e pastorais. Em meio às nossas inquietações, em meio aos desafios por que passam a sociedade e a nossa Igreja, em meio a todo o rebuliço para nos afastar dos ensinamentos do Evangelho, precisamos implorar a companhia de Deus, pedir-Lhe que aumente a nossa fé e que continuemos mendicantes de suas graças, de sua bênção.
Deus nos amou primeiro, portanto, é Ele o protagonista, o verdadeiro construtor da História. Nossa capacidade de construir o que quer que seja se potencializa pela fé e ao nos tornamos reflexo do seu amor e instrumentos de suas mãos.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – setembro/2023