HISTÓRIA DA IGREJA SANTA GENEROSA
O início de tudo
Em 1913, a Prefeitura de São Paulo cedeu à Mitra Arquidiocesana, por escritura de comodato indefinido, parte de um terreno no Largo Guanabara para a construção de uma igreja. Neste terreno, a Mitra construiu uma capela, onde a 4 de abril de 1915 foi erigida a nova paróquia. Para sua inauguração, havia apenas uma imagem de Santa Generosa, um altar, uma pia batismal e 20 bancos. Em setembro do mesmo ano, recebeu as ofertas das imagens de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus, de São José e de Santo Antônio. Em novembro, o primeiro Vigário Padre Marcelo Franco (1915 a 1932) fundou uma Associação com a finalidade de angariar fundos para a construção da nova matriz. As obras tiveram início em 1916. Os vereadores conseguiram da Prefeitura mais 3 metros de terreno para executar o projeto da planta, ficando assim a igreja no centro do antigo Largo Guanabara.
Estando postos os alicerces, o Sr. Arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva benzeu e lançou a pedra fundamental do edifício. Em apenas dois anos, Monsenhor Ezequias, DD Arcediago do Cabido Metropolitano, já inaugurou parte do corpo da nova igreja. E no decorrer de mais três anos, foram inauguradas as capelas laterais do Santíssimo, de Nossa Senhora do Rosário, de Santo Antônio e de São José com os dois quadros clássicos que hoje se encontram no atual batistério.
A ampliação da Igreja e a concessão da prefeitura
O Padre Marcelo Franco, depois de 17 anos em Santa Generosa, foi transferido para a Paróquia de Santo Amaro. Em junho de 1932, tomou posse da Paróquia o 2º Vigário Padre Pedro Gomes (1932 a 1948). De acordo com o livro Tombo, encontrou a igreja em construção faltando a torre, o revestimento interno e externo. Após um ano de paroquiato, notando que a igreja era pequena para acomodar o número de fiéis e tencionando aumentá-la, fez um requerimento à Prefeitura Municipal pedindo a concessão de dez metros na frente da igreja. Em 1935, após dois anos de espera, a Prefeitura atendeu ao pedido de ampliação. Em benefício da retomada das obras na Matriz realizou-se uma quermesse organizada pelas famílias da paróquia. Durante os anos de 1936 a 1943, o Vigário deu seguimento às obras que faltavam e construindo uma bela torre.
Da cessão de terreno à desapropriação pela Prefeitura
Mas logo em seguida, em outubro de 1943, o Padre Pedro Gomes foi ser notificado que “em virtude das obras da urbanização que estavam sendo executadas pela Prefeitura Municipal, a Igreja Matriz de Santa Generosa deveria ser desapropriada”. (Livro Tombo II). Diante disso as obras ficaram paralisadas até dezembro de 1947 quando o Padre Pedro Gomes deixou a Paróquia para assumir o cargo de Capelão da Aeronáutica.
Em janeiro de 1948, tomou posse o 3º Vigário Côn. Alberto Baccili (1948 a 1955). Contra a vontade de todos, que afirmavam que a igreja seria desapropriada pela Prefeitura, reiniciou em fevereiro de 1948 as obras: terminou a torre, o reboco das paredes, aumentou a sacristia. Construiu a casa paroquial e o salão paroquial, comprando também um fundo de quintal que muito interessava a esta construção.
Desapropriação e falsas promessas de um novo terreno
A 6 de fevereiro de 1955, Dom Antônio Maria de Siqueira, Bispo Auxiliar, deu posse ao 4º Vigário na pessoa do Padre José Mayer Paine (1955-2017). Em setembro de 1966, Dom Ernesto de Paula, Procurador da Mitra, chamou o Padre José à Cúria para dar oficialmente a notícia da desapropriação da igreja: pois o Poder Judiciário do Município havia rescindido o contrato de comodato de 1913, que cedia à Mitra uma área no Largo Guanabara para a construção de uma igreja.
A nova Igreja construída onde era o salão paroquial. Centro social em terreno facilitado pela família Zatarelli
Os dois anos seguintes têm uma longa história sobre a desapropriação e “promessas” de terreno para construir a nova igreja. O Padre José percebendo que “as promessas” eram falazes e que a história da desapropriação iria longe com uma possível solução danosa à paroquia, tomou a resolução de construir a igreja onde era o salão paroquial e a casa paroquial (hoje Av. Bernardino de Campos 360), com a certeza de que estaria construindo num terreno de segura propriedade da Paróquia. Nessa época, o Padre adquiriu da família Zatarelli, paroquiana e amiga, em condições muito favoráveis, a casa e o terreno da Rua Afonso de Freitas 49, que funcionou como capelinha e secretaria paroquial onde hoje funcional o centro social e catequético.
A tentativa de salvar o que restava da paróquia e o acolhimento do Colégio Maria Imaculada
Domingo, 17 de dezembro de 1967, com grande tristeza de todos, o Sr. Cardeal Dom Agnelo Rossi, celebrou a Missa de despedida e, no final, organizou-se uma procissão com a Imagem de Santa Generosa, em direção à Capela do Colégio Maria Imaculada, onde iria funcionar provisoriamente a Paróquia.
No Livro Tombo, está descrito o trabalho árduo, exaustivo e doloroso que o Pároco, secretarias, paroquianos, jovens e até crianças enfrentaram em salvar os pertences da igreja… A Igreja estava condenada à demolição de qualquer forma e em poucas horas…. Procurou-se locais para acomodar os móveis e objetos da igreja: órgão, sinos, bancos, lustres, confessionários, imagens, altares, quadros…. Era o ideal do Padre José guardar o material retirado e tudo o que fosse possível aproveitar da igreja para a nova construção, mas, infelizmente, foram vítimas de vandalismo e de saqueadores que furtaram muitos objetos de valor e muito se perdeu…
O Boletim para se colaborar na unidade paroquial
O primeiro boletim paroquial foi criado no Domingo de Páscoa de 1968, nasceu da necessidade que sentiu o Pároco de conservar a união entre os paroquianos, conservá-los no espírito da Igreja, pô-los a par dos empreendimentos das obras da nova igreja e dos movimentos financeiros.
A nova construção foi financiada em grande parte pela generosidade dos fiéis, por alguns empréstimos bancários, com uma mínima ajuda da Prefeitura, e pelos sorteios, rifas, quermesses, festas…
A 1ª missa quase 3 anos depois na nova casa
Depois de dois anos e dez meses de intensa luta, em 27 de setembro de 1970 foi inaugurada a nova igreja Santa Generosa. Sua Ema. Dom Agnelo Rossi benzeu o templo, leu o decreto de reabertura e celebrou a seguir a primeira Missa. O edifício não era como ele é hoje, mas simplesmente com as precárias condições de abrigar Nosso Senhor no Sacrário e a dignidade indispensável para as celebrações litúrgicas.
Nos anos seguintes foram sendo feitas inúmeras benfeitorias, graças a generosidade dos fiéis e as bençãos divinas: construção da torre com a eletrificação dos sinos; o piso de mármore; o revestimento das 10 colunas: na parte inferior de mármore e na parte superior de gesso com capiteis decorados (os desenhos são do arquiteto Silvestre Milano, o mesmo que projetou a igreja); os lambris das paredes laterais revestidos de mármore; a construção do altar de São José. Também destaca-se, a pintura do altar-mor, inspirada no celebre quadro de Rafael Sanzio (1483-1520) sobre a Transfiguração de Nosso Senhor. O pintor foi nosso paroquiano, Prof. Ângelo Cogliati, da Real Escola de Brera. Este régio presente foi oferecido pelo Revmo. Padre Luiz Ilc, Pároco do Santíssimo Sacramento e amigo do Padre José, entre 1983 – 1985.
A título de curiosidade, foi em setembro de 1985 que foi implantado o dizimo na Paróquia. Diz o Livro Tombo: “introduzimos o costume da oferta regular e mensal dos paroquianos, de acordo com o orçamento familiar, para prover a manutenção da nossa igreja”.
Colaboradores do Padre José e seu novo amigo
Em 16 de agosto de 2009, o Exmo. Sr. Cardeal Dom Odilo Pedro Sherer nomeou o Revmo. Padre José Antônio Xiao Shishang como Vigário Paroquial para ajudar o pároco Côn. José, nas necessidades espirituais e temporais da Paróquia. Depois de três anos, o Padre José Antônio Xiao foi transferido para Curitiba e veio nos ajudar o Revmo. Padre Fábio Fernandes, até que, em setembro de 2015, tendo sido nomeado capelão do Hospital Beneficência Portuguesa deixou a Paróquia.
Para auxiliar o Pároco, já bem idoso, foi nomeado Vigário Paroquial o Revmo. Padre Cássio Alberio Pereira de Carvalho. Sua companhia, zelo apostólico, dinamismo, amor à Igreja, ao povo de Deus e aos sacramentos ganharam a confiança do Padre José que dizia no fim da vida: “Deus me enviou não só um bom Padre, mas, também, um amigo”.
A aposentadoria merecida e um novo começo
Em abril de 2017, na Catedral da Sé, o Sr. Cardeal Dom Odilo entregou ao Cônego José (chamado por todos: Padre José), por serviços longamente prestados à Igreja, um documento pontifício com a nomeação de Capelão do Papa, com o título de Monsenhor. Em agosto, Mons. Paine escreveu ao Exmo. Sr. Cardeal Dom Odilo pedindo-lhe que aceitasse sua renúncia às funções de Pároco e, em setembro, no dia 24, com alegria, foi nomeado como 5º Pároco de Santa Generosa o Padre Cássio.
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