Quando cheguei para auxiliar Padre José Paine nas atividades de Santa Generosa, no final de 2015, não fazia ideia de como contribuir para aumentar a representatividade de uma paróquia de tão grande potencial e visibilidade na cidade de São Paulo. Encontrei Padre José Paine com seus noventa e cinco anos e, praticamente, sem possibilidades de exercer o seu ministério, pois já não conseguia enxergar e se manter de pé para a Celebração Eucarística. Eu tinha a incumbência de auxiliar um homem santo, que vivia da oração, e que havia cumprido sua missão sacerdotal de garantir um espaço onde a tradição católica fosse respeitada e difundida.
Vinha-me à cabeça as palavras do apóstolo Paulo: “Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções, tais como eu vo-las transmiti” (1Co 11, 2). Eu tinha o desafio de levar adiante o sonho do Padre José de amadurecer a vocação de Santa Generosa como uma paróquia de misericórdia, um lugar de evangelização, de ensinamento, de catequese, de sacramentos, um santuário de graças e bênçãos para a cidade de São Paulo.
Pela calçada de Santa Generosa passam milhares de pessoas todos os dias rumo ao trabalho, hospitais, escolas, metrô e shoppings, especialmente em direção a uma das avenidas mais importantes da capital. Como tornar nossa igreja um chamariz para tantas pessoas que estão quase sempre apressadas, que mal têm tempo de parar para um sinal da cruz diante do Santíssimo ou para uma oração de cinco/dez minutos? Como manter ativos, atuantes e envolvidos os paroquianos já acostumados com o estilo tão acolhedor, generoso e santo de Padre José Paine?
Já consciente de suas limitações, ele me deu carta branca para as mudanças que eu imediatamente quis implementar. Ampliamos o horário de atendimento da secretaria e da igreja e de duas celebrações de missa por dia, passando para três de segunda a sexta. As confissões, antes feitas com hora marcada, passaram a ser realizadas antes e após as missas. O público fiel rapidamente respondeu e, de lá para cá, o crescimento das atividades e do número de celebrações e confissões em Santa Generosa tem sido exponencial!
Com grande parte fechada das igrejas durante a pandemia e dada a grande procura, percebemos a necessidade de ampliar o número de missas aos domingos, passando de quatro para nove. Mesmo com a volta à normalidade, no entanto, o número de frequentadores das missas em Santa Generosa não para de crescer, principalmente nos últimos meses.
Com 250 assentos, a igreja está sempre lotada durante as missas dominicais. Por exemplo, em 19 de janeiro último, registramos mais de 2,4 mil pessoas presentes nas nove celebrações, média de 270 pessoas por missa. Diante da crescente demanda, introduzimos, desde o final de janeiro deste ano, a décima missa aos domingos, às 22h15, porque já não há assentos disponíveis para todos na nona missa do dia, às 21h.
O número de confissões também impressiona. São nove horas de confissões diárias de segunda a sexta-feira; mais de onze horas no sábado e quinze horas no domingo, das 8h às 23h. Aos domingos, setecentas pessoas em média se confessam na Santa Generosa. E um fato curioso: estimamos que 30% dos que entram em nossa igreja buscam a confissão. Isso é simplesmente extraordinário!
Há uma explicação que vem dos próprios fieis que nos procuram, pois tornar a Paróquia Santa Generosa o “lugar da Misericórdia” fez com que muita gente que estava afastada de Deus e dos sacramentos retornasse à Igreja Católica. Muitos admitem que o pavor de contar seus pecados graves e a vergonha de tê-los cometido os afastaram da Igreja; não sabiam como sair da situação de pecado e pensavam que não tinham mais salvação, que se encontravam irremediavelmente em um caminho sem volta! Alguns passaram quarenta/cinquenta anos sem experimentar o perdão de um Deus que é complacente, que é pura compaixão!
Por meio de um trabalho forte e aguerrido nas mídias sociais, este é o rosto de Deus que Santa Generosa está mostrando ao mundo. Ao abrir as portas da misericórdia divina, ao estender os braços para acolher a todos, nossa Paróquia quer ser um lugar onde as pessoas se sintam abraçadas pelo perdão infinito de um Deus amorosíssimo. Este era o sonho de Padre José Paine, um sonho que todos nós estamos construindo juntos!
Padre Cássio Carvalho – fevereiro 2025.